Ensinar a um deficiente visual exige
qualificação. Com a ajuda de alunos, professores e servidores, a Escola de
Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN), mantém o
"Grupo Esperança Viva", um curso de flauta doce voltado para pessoas
com cegueira total ou com baixo grau de visão.
Coordenado pela professora Catarina
Shin, o Esperança Viva proporciona aos participantes a oportunidade de se
desenvolverem musicalmente, por meio de atividades rítmicas, melódicas,
expressivas, instrumentais, teóricas e de introdução ao estudo da musicografia
Braille - código que permite aos cegos perceber a notação musical através de
células marcadas com pontos em alto relevo.
"A importância do aprendizado da
música por portadores de deficiência visual se justifica pela oportunidade de
desenvolver sentidos como o tato e a audição, que guiam essas pessoas na
ausência da visão", explica Catarina.
Entre outros lugares, o grupo já fez
apresentações no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRN) de Ipanguaçu,
na Cooperativa Cultural do Centro de Convivência da UFRN, na Universidade
Federal do Rural do Semi-Árido (UFERSA), em Mossoró, e na TV Universitária.
Os encontros do Esperança Viva
acontecem todas as segundas-feiras e são divididos em dois momentos: estudos de
musicografia Braille, das 14h às 15h30, e aulas flauta doce, das 15h45 às
17h15. Sobre o processo da representação escrita de música, a professora
Catarina esclarece que "as partituras escolhidas são digitadas no software
"Musibraille" pelos professores e estagiários do curso e, em seguida,
são enviados ao Laboratório de Acessibilidade para serem impressas em
Braille".
Iniciado em 2011, com o nome
"Flauta Doce", o projeto quer desmistificar estereótipos e
preconceitos em torno da pessoa com deficiência visual. No começo, o curso
trabalhava com alunos do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio
Grande do Norte (IERC) e da Associação de Deficientes Visuais (ADEVIRN). Hoje o
projeto recebe qualquer pessoa que tenha interesse em participar.
O nome "Esperança Viva"
surgiu em 2012 e veio da inspiração de um dos alunos. Pedro Marcelino de Lira,
autor da proposta, argumenta que o curso proporcionou mais alegria e confiança
a todos. "É uma esperança viva de algo bom que está acontecendo conosco, mas
que também se projeta para o futuro", afirma Pedro.
Além do espaço físico para a realização
das aulas, a EMUFRN disponibiliza veículo e motorista para o deslocamento da
maioria dos alunos. O projeto conta ainda com apoio da Comissão Permanente de
Apoio a Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (CAENE) da UFRN.
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