terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tributo a Bezerra da Silva comemora Proclamação da República na Redinha


No feriado desta terça-feira, dia da proclamação da República, enquanto em algumas cidades haverá momentos de luta para diversas pessoas que participarão dos movimentos contra a corrupção, trazendo pautas específicas, como o voto aberto no Congresso, aprovação de projeto de lei que torne a corrupção um crime hediondo, 10% do PIB para a Educação e aplicação da lei da ficha limpa, em Natal a população tem à sua disposição um Ato Cultural alusivo à data, oferecendo uma ocasião de divertimento garantido.
Trata-se do “Tributo a Bezerra da Silva, o Embaixador das Favelas”, no espetáculo “Cantagem”, que terá lugar no Mercado da Redinha, com início ao meio-dia, chamado “Malandro é Malandro, e Mané é Mané”. Ali, 11 cantores-compositores potiguares apresentarão suas canções, em performances exclusivas, num espetáculo multicultural e, principalmente, gratuito.
Conhecido como cantor e compositor, José Bezerra da Silva foi também violonista, percussionista e intérprete dos gêneros musicais coco e partido alto, subgêneros do samba. Bezerra notabilizou-se por um estilo “sambandido”, precursor do “gangsta rap” norte-americano. Antes do hip hop brasileiro, ele passou a transmitir do outro lado da trincheira da guerra civil não declarada, ou seja, os morros. O sambista virou livro em 1998, com “Bezerra da Silva - Produto do Morro”, de Letícia Vianna.
Os que estiverem na Redinha poderão apreciar e se embalar com as produções musicais de Romildo Soares, Dany-L Oliveira, Paulo Ricardo, Sílvia Sol, Carlos Bem, Edja Alves, Caio Padilha, Dany-Lu, Tertuliano Aires (Cabrito), Jéssica Badu e Franklin Novaes e Banda, numa homenagem toda especial ao compositor pernambucano, autor de uma discografia excepcional, da qual constam pérolas como “Malandragem Dá um Tempo”, “Seqüestraram Minha Sogra”, “Overdose de Cocada” e “Piranha”, entre outros.
“O nome que deram ao show, ‘Malandro é Malandro e Mané é Mané’ procura fazer uma louvação ao Embaixador das Favelas, um compositor genuinamente popular”, conta o produtor cultural João Eudes Gomes, que coordena os trabalhos da rádio comunitária macauense 93,5 FM. “A música de Bezerra da Silva tinha como temas principais a vida do povo e os problemas da sociedade, em especial das favelas, além da exploração e da opressão sofridas pelos trabalhadores, com foco na malandragem e nos ladrões à margem da lei”.
João Eudes sublinha que o autor de “Malandragem Dá um Tempo”, “Sequestraram Minha Sogra” e “Defunto Caguete” se preocupava igualmente com a questão do uso de drogas como a maconha e cocaína e a condenação à caguetagem, ou delação. “Bezerra da Silva falava das principais estratégias de sobrevivência da malandragem em comunidades militarizadas pelo Estado e sob constante vigilância policial, mas sempre alertando que não são os moradores dos morros e favelas que fomentam a guerra, apenas defendem-se como podem”, diz Eudes.
O Tributo a Bezerra da Silva tem o patrocínio justamente do comércio que mantém contato estreito com a população de baixa renda, e que resiste ao mercado bem estabelecido dos “barões”, como o restaurante “Zé Reieira”, localizado no centro de Natal, João do Coco, nas franjas do morro do Careca, e dos restaurantes da Marta e da Lourdes, ambos na Redinha. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário