sábado, 9 de março de 2013

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Renato e seus Blue Caps falam de sua carreira e a época em que marcou o período da Jovem Guarda


Grupo formado no início dos anos 60 pelos irmãos Renato, Edson e Paulo Cesar, jovens moradores do bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, com o nome Bacaninhas do Rock da Piedade. O primeiro nome foi censurado e o radialista Jair de Taumaturgo sugeriu o nome definitivo, inspirado no conjunto norte-americano Gene Vincent And His Blue Caps. 

Tocaram no rádio e em programas de televisão, como Os Brotos Comandam, da TV Rio, apresentado por Carlos Imperial. Gravaram o primeiro compacto em 1962 e se notabilizaram principalmente pelas versões que faziam de músicas americanas, como "Menina Linda", versão de "I Should Have Known Better. Em 1963 Edson saiu do grupo e iniciou carreira solo com o nome Ed Wilson. Foi substituído por Erasmo Carlos. Tornaram-se um sucesso se apresentando no programa Jovem Guarda, em shows, festas e bailes. Renato e seus Blue Caps volta à Natal e se apresenta hoje às 21h, no Teatro Riachuelo, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.  A reportagem do Jornal Metropolitano, conseguiu com exclusividade, uma entrevista inédita com esta banda que marcou os anos 60. Veja a entrevista na íntegra, que Renato concedeu a repórter Silvana Greice.



JM - Vocês estão comemorando oficialmente 50 anos de carreira. Como tudo começou? 

Renato - Renato e Seus Blue Caps não está comemorando 50 anos de carreira e sim 53, apesar do selo usado no rótulo do cartaz ser de 50. Tudo começou sob as influências da MPB dos anos 40 e 50, pois eu ( Renato) e meus irmãos (Ed Wilson e Paulo Cezar) já ouvíamos a nossa mãe cantar as músicas da MPB dentro do ventre.


 JM - Qual a diferença de Renato e seus Blue Caps há 50 anos, para o Renato e seus Blue Caps de hoje? 

Renato - São inúmeras as diferenças, haja vista a própria evolução do planeta terra. Ao longo dos 53 anos fizemos o possível para acompanhá-la e por conseguinte, nos mantermos atualizados profissional, moral e musicalmente. Embora, tenhamos (no percurso), esbarrado em pessoas que permaneceram deitadas a beira do caminho ( nos três itens citados).


 JM - Nós sabemos que o "embrião" do conjunto Renato e Seus Blue Caps são os três irmãos da família Barros: Renato, Paulo Cezar e Edson (Ed Wilson). Como se encontra a banda hoje? 

Renato - A banda se encontra muito feliz, muito consciente do espaço que ocupa no mercado. Grata aos amigos de todo o país. A lamentar somente a não "percepção" das diferenças e a amnésia histórica. Nós estamos compostos assim: Amadeu Signorelli - contrabaixo e vocal; Darci Velasco - teclados e vocal; Gelsinho Moraes - bateria; Cid Chaves - comunicação e vocal; Renato Barros - guitarra e vocal; Fábio Lima e Bruno-engenheiros de áudio.


 JM - Como foi o contato de vocês com Roberto Carlos na época? Em que ele influenciou? 

Renato - Roberto Carlos e vários outros, foram pessoas que eu adorei ter conhecido, foram nada mais que colegas de luta. Se eu tenho que agradecer, agradeço a Jair Taumaturgo, Carlos Imperial e Evandro Ribeiro.


 JM - Nestes anos de carreira, co-nhecidos internacionalmente e com uma agenda movimentada durante todo o ano, foram quantos Lps e quantos Cds gravados ? 

Renato - Espero que me perdoe, mas não tenho certeza do número exato de LPs gravados, imagino que uns 25. 


 JM - Com mais de 50 anos de carreira ininterruptos, acredito que Renato e seus Blue Caps é o mais antigo conjunto musical do Brasil. Isso se de vê a que? 

Renato - Segundo pesquisas, não é o mais antigo do Brasil, mas, o mais antigo do mundo (em Atividade Ininterrupta) desde 1959. Acho que se deve a vários fatores como: competência, respeito ao público, respeito a si próprio, amor a banda, sabedoria na adversidade, talento, gratidão e por último arte e musicalidade.


 JM - A Jovem Guarda foi um momento de áurea para os jovens da época. O tempo que durou foi suficiente para lançar novos artistas brilhantes como Roberto e Erasmo Carlos, Wanderla, Martinha, Wanderley Cardoso e vários conjuntos musicais como Renato e seus Blue Caps, e outros. O que vocês tem a dizer da Jovem Guarda? 

Renato - A Jovem Guarda foi um programa de televisão em SP ( para o qual o Renato e seus Blue Caps não foi convidado). Somente depois de 2 ou 3 programas terem ido ao ar , foi que (o então empresário mais importante da época sr. Marcos Lázaro nos convidou) graças a música "Menina Linda" explodir repentinamente em primeiro lugar nas paradas de sucesso de SP e do Brasil. Poucos sabem disso. A JG foi muito importante para o lançamento de vários artistas jovens da época. Em todos os movimentos musicais cada um com o seu devido peso artístico e musical. Uns chegaram pra ficar e outros não. Embora a intenção da TV tenha sido a de dar maior ênfase ao trio (Roberto, Erasmo e Wanderléa) a última de quem sou amigo e fã.


 JM - Como era o relacionamento de vocês com esses artistas citados na pergunta anterior?  

Renato - O nosso relacionamento com os artistas da época, não só com os da JG, assim como os demais como: Elis, Claudia, Nara, Gil, Vicente Celestino, Vandré, Simonal e outros, pois tudo rolava no mesmo lugar. Na TV Record existiam vários programas: Jovem Guarda, Dois na Bossa, Bossaudade, Hebe Camargo, a Família Trapo, Show do Simonal e os famosos festivais da Record. Era a Globo dos dias de hoje. O nosso relacionamento sempre foi o melhor possível.


 JM - O que tinha na Jovem Guarda e que não tem hoje? 

Renato - Amor, gente fazendo musica para gente. Lamentável dizer isto.


 JM - Vocês já vieram várias vezes à Natal. Eu mesma já fui vários shows de vocês. O que significa Natal para esta banda tão querida pelos natalenses? 

Renato - Natal pra mim significa, beleza, amor, carinho, amigos, vontade de voltar sempre.


 JM - Nas suas apresentações, quais as músicas que os natalenses mais pedem? 

Renato - Os natalenses nos pedem todas as músicas, ate aquelas que nunca cantamos ao vivo e que nem nos lembramos mais. Maravilhoso isso.


JM - O público natalense é diferente do público de outros estados? Em que?

Renato - O público natalense logicamente tem a sua linda peculiaridade, hospitaleiro, bonito, elevado índice cultural, porém em relação ao carinho com o Renato e seus Blue Caps (para a nossa felicidade e orgulho) ele junta-se a os do país inteiro. 


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